Enarmonia, em música, é
- o grupo de sons de um acorde ou numa linha melódica com intervalos menores do que um semitom---na música grega antiga, este intervalo seria de um quarto do tom;
- na afinação do sistema temperado, o escrito enarmônico significa duas notas diferentes numa partitura mas que, na prática, produzem o mesmo som; e
- nos instrumentos não temperados, ou de um sistema de afinação com entonação justa, ou de temperamento linear, é o intervalo de duas notas enarmônicas---em que duas notas se diferem sonoramente apenas por uma coma (i.e a nona parte de um tom).
Na inarmonia do som
Na música ocidental, uma escala diatônica nos permite formar acordes com intervalos maiores e menores. Similarmente, num instrumento de propriedades do sistema temperado, uma nota qualquer é formada por parciais de sons maiores e menores e harmônicos. Em um instrumento inarmônico, como um tambor, em que cada batida emite várias freqüencias estranhas de som, o som das notas emitidas terão parciais variadas, com freqüências diminutas. Até mesmo um xilofone pode ter um som bem preciso, mas mesmo assim a repercussão do som eitido por uma batida na madeira cria sons de parciais inarmônicas. Da mesma maneira os metais tem propriedades inarmônicas em seu som, mesmo quando tão afinados como um vibrafone. isto não é para dizer que todo instrumento de corda não possue tons inarmônicos. Um violão em mal estado certamente emitirá vários sons estranhos, por exemplo.Todos os instrumentos de sopro de metal são considerados inarmônicos, assim como toda percussão (exceto o piano acústico), a Gaita-de-fole e outros instrumentos que, quando tocados, o som emitido produz notas das parcelas de uma escala inarmônica. O instrumento inarmônico está oposto aos instrumentos harmônicos que são os instrumentos que podem-se temperar a afinação, e possuem uma freqüência sonora estável, como o piano, os instrumentos de corda, os de sopro de madeira e alguns outros de sopro que seriam de metal, mas não se classificam na música européia como típico de metal (a flauta transversal, por exemplo).
Na afinação temperada
Na escala diatônica, a nota Mi sustenido soa como um Fa natural, assim como o Dó bemol soa como um Si natural. Não há como dizer, nem mesmo para quem tem ouvido absoluto, se alguém esta tocando num piano, por exemplo, o Dó bemol ou o Si natural de uma partitura qualquer. Somente olhando na pauta é que podemos ver a diferença da nota escrita, se é uma ou a outra nota escrita que se toca. Esta maneira de escrever um Dó bemol em vez do Si natural ou um Mi sustenido em vez de um Fa natural, numa partitura, é especialmente reconhecida como escrita enarmônica e o motivo de tal escrita tem que a ver com a consideração do compositor à analise teórica de tal música quando a escreveu. Um exemplo básico seria se o compositor estivesse escrevendo uma composição com uma passagem cromática em que houvesse as seguintes notas:-
- Mi, Mi bemol, Re, Re bemol, Do, Si e novamente o Si
-
- Do, Do bemol, Si
Há casos mais complexos, como o caso do sustenido dobrado; para entendê-lo a contento, deve levar-se em consideração o ciclo das quintas. Grosso modo, funciona da seguinte forma, tomando-se como exemplo a a escala de Sol: Sol, Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá#. Como ficaria então, no caso da Escala de Sol#? Ficaria: Sol#, Lá#, Si#, Dó#, Ré#, Mi#, Fá##, sendo que o Mi# e Si# só figuram na teoria musical para instrumentos que possuem marcação de teclas temperadas e de casas (instrumentos de cordas) definidas. O ## ou (x) que significa sustenido dobrado, foi aplicado aí para determinar que o que, na verdade, é um Sol, derivou de uma flexão teoricamente cromática da nota Fá#.
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